O crescimento dos Seguros Massificados no Brasil e sua relação com a distribuição através de canais alternativos como os bancos digitais, varejo e fintechs
- Galcorr Marketing
- 25 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 31 de jul.

Por Flavio Bomfim
Nos últimos anos, o mercado de seguros brasileiro tem assistido a uma transformação significativa no modelo de distribuição e consumo de produtos seguráveis. Dentre as principais tendências, destaca-se o crescimento dos seguros massificados, impulsionado pela distribuição através de canais alternativos, como bancos digitais, redes varejistas e fintechs. Este artigo discute os fatores que estão fomentando essa expansão, suas implicações para o mercado e os desafios e oportunidades que surgem nesse novo cenário.

1. O que são seguros massificados?
Seguros massificados são produtos de seguro padronizados, de fácil compreensão, com contratação simplificada e tíquete médio mais acessível. Exemplos comuns incluem:
Seguro residencial
Seguro de vida individual ou em grupo
Seguro de acidentes pessoais
Garantia estendida
Proteção para dispositivos móveis
Assistência 24h para veículos
Seguro viagem
Seu apelo está na alta escalabilidade, podendo atingir grandes volumes de consumidores com baixa complexidade de operação.
2. A mudança no perfil do consumidor
O consumidor brasileiro tornou-se mais digital, imediatista e exigente. Com o uso crescente de smartphones e acesso facilitado à internet, cresce a demanda por experiências de compra rápidas, sem burocracia e 100% digitais. Nesse contexto, os seguros massificados ganham destaque por sua natureza simplificada.
Ademais, há uma crescente preocupação com imprevistos cotidianos (roubo de celular, emergências domésticas, acidentes pessoais), que reforça o valor percebido desses seguros pela população.
3. Canais alternativos de distribuição: nova fronteira da inclusão seguradora
A distribuição por meio de canais tradicionais, como corretores e agências bancárias, ainda predomina. No entanto, observa-se uma aceleração no uso de canais alternativos para acesso a seguros massificados:
a) Bancos digitais e plataformas financeiras
Neobanks como Nubank, Inter, C6 Bank e PicPay passaram a oferecer seguros diretamente em seus apps, com jornada digital simples e integração em tempo real. A confiabilidade já estabelecida com os usuários facilita a adesão a produtos de seguro.
b) Varejistas
Redes como Magazine Luiza, Casas Bahia e Americanas atuam como plataformas de seguros para produtos adquiridos, oferecendo garantia estendida, seguro contra roubo, entre outros. Também estendem a oferta para proteção pessoal e familiar.
c) Fintechs e superapps
Empresas como Mercado Pago, 99Pay e iFood passaram a integrar soluções de seguros dentro de seus ecossistemas, promovendo microseguros (diários ou semanais) com foco em conveniência.
d) Telecom e energia
Operadoras de telefonia e companhias de serviços públicos também oferecem seguros embutidos em planos de serviços, facilitando a inclusão de segmentos de baixa renda.
4. Fatores que impulsionam esse modelo
a) Digitalização e automação
Tecnologias como APIs, machine learning e IA permitiram que as seguradoras se conectassem a novos canais de maneira flexível e escalável. A automação reduz custos operacionais e viabiliza seguros com tíquete baixo.
b) Regulação mais moderna
A SUSEP tem promovido a flexibilização dos modelos de produto e distribuição, criando o sandbox regulatório, incentivando a inovação e facilitando a entrada de insurtechs e parcerias com players não tradicionais.
c) Crescimento do open finance
A abertura de dados financeiros pode permitir ofertas personalizadas de seguros de forma contextual, com base no comportamento e perfil do consumidor.
d) Foco em segmentos subatendidos
Canais alternativos têm maior capilaridade junto às classes C, D e E, historicamente pouco alcançadas pelo setor segurador. Com ofertas simples e acessíveis, ampliam a inclusão securitária no Brasil.
5. Benefícios para o consumidor e para o mercado
Para o consumidor:
Maior acesso a seguros acessíveis
Jornada digital simples e rápida
Produtos mais aderentes ao dia a dia
Preços compatíveis com a realidade financeira
Para o mercado:
Expansão da base de segurados
Diversificação de canais de receita
Redução de custos de aquisição (CAC)
Estímulo à inovação e customização de produtos
6. Desafios para sustentação do crescimento
Apesar do avanço, existem entraves a serem superados:
Educação financeira: muitos consumidores ainda não compreendem o funcionamento de seguros.
Conflito de interesses: integração com canais parceiros exige governança e alinhamento regulatório.
Qualidade do atendimento e sinistro: é fundamental garantir experiência positiva para evitar perda de confiança.
Dados e privacidade: integração entre plataformas exige conformidade com a LGPD.
7. O futuro dos seguros massificados
A tendência é que os seguros massificados se tornem cada vez mais personalizados, contextualizados e dinâmicos. Com o uso intensivo de dados e IA, as ofertas devem surgir no momento exato da necessidade do cliente, com precificação em tempo real.
Além disso, a integração com superapps, carteiras digitais e marketplaces tende a consolidar um ecossistema onde o seguro não é mais um produto isolado, mas parte da experiência do consumidor.
Conclusão
O crescimento dos seguros massificados via canais alternativos está redefinindo a forma como o brasileiro se relaciona com o mercado segurador. A democratização do acesso, a conveniência digital e o foco em proteções do cotidiano estão criando um novo ciclo de inclusão, escala e eficiência.
Para as seguradoras e parceiros, o desafio é manter a qualidade da experiência, adaptar os produtos à nova demanda e construir relações de confiança com um consumidor cada vez mais conectado, informado e exigente.
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